Neste artigo
Imóvel de gaveto, constituído por cave, rés do chão, 1º andar e águas furtadas, com duas fachadas uma voltada para a Rua Joaquim António de Aguiar nª 15 a 19 e outra para o Beco das Cruzes n.º 9, União das Freguesias de Coimbra (Almedina), Coimbra.
Análise do Existente
Verifica-se um elevado estado de degradação do imóvel, em especial dos materiais de revestimento da fachada, cobertura, vãos portas e janelas, resultante da falta de manutenção bem como de anteriores intervenções inadequadas.
Levantamento do imóvel
A planta do edifício em forma gaveto, exibe uma organização complexa pela existência de 2 corpos de escadas que criam uma vivência original do espaço. As dimensões do imóvel são pela sua localização de imóvel de remate, de 3,00 m largura no topo sul, 8,40 m de largura na fachada para o Beco das Cruzes e de 8,75 m na fachada da Rua Joaquim António de Aguiar.
Estudo de patologias – Análise estrutural
ESTRUTURA
A analise estrutural do edifício permite de forma correcta executar as alterações necessárias para o bom desenvolvimento da obra. Para tal é necessário um correcto levantamento do esquema estrutural das vigas de apoio aos pisos e para tal, torna-se necessário levantar o soalho de madeira de forma a permitir essa verificação. Esta inspecção permite não só concluir acerca do estado físico de cada viga, mas também do estado das entregas do vigamento de madeira nas paredes de alvenaria.
Foi verificado a existência de vigas sem condições de resistência estrutural devido à infiltração nas paredes resistentes. Terá de se proceder à substituição dessas vigas de piso com execução de próteses de madeira com características similares aos elementos antigos. Na degradação de apoios terá de se proceder à reconstituição de troços danificados através de moldagem, injeção de argamassa e pastas de resinas epoxídicas.
COBERTURA
Verifica-se uma diminuição da secção dos elementos estruturais da cobertura possivelmente pelo ataque de insetos xilófagos sendo necessário como medida corretiva a substituição de elementos, como prevenção fazer a manutenção e tratamento da madeira. O sistema de cobertura surgirá com a componente de isolamento térmico e acústico com aplicação de lã mineral – lã de rocha, fazendo também cumprir as exigências técnicas da legislação de segurança contra incêndios.
PAREDES
O edifício apresenta as paredes resistentes em pedra com Alvenaria Ordinária (pedra, argamassas areia e cal). As paredes interiores são em tabique simples com reboco e acabamento estucado.
As paredes mestras apresentam fendilhação nas fachadas. Esta patologia terá de ser verificada com observação direta e intervir com a melhor técnica, nomeadamente com a realização de encasques ou proteses com recurso a chumbadouros metálicos.
CAIXILHARIAS E CANTARIAS
Construídas em madeira e expostas a anos de variações climáticas, as caixilharias terão de ser substituídas por peças em madeira de desenho idêntico e mantendo as cores originais.
A recuperação das peças de cantaria será um trabalho necessário e de valorização do desenho existente.
Estratégia de Reabilitação – Intervenção Proposta
A intervenção de edifícios antigos pode realizar-se de vários níveis, sendo a conservação o tipo de reabilitação pensado para esta proposta.
Os princípios básicos da reabilitação urbana são:
a autenticidade estética histórica e documental que insere um objecto num contexto e lhe dá autenticidade de concepção, dos materiais e da execução;
a mínima intervenção, com isto dizer, manter o mais possível os materiais originais;
a diferenciação entre as partes originais e as peças introduzidas;
máxima documentação, conhecer e aceitar a história integrando-a de forma crítica no processo projectual.
As decisões de conservação fundamentam-se no conhecimento amplo e rigoroso do contexto físico e cultural do objeto, considerando os edifícios antigos como documentos onde se regista a passagem do tempo.
Planificação da Intervenção
A proposta de intervenção para este imóvel é a de manter o mais possível o desenho original criando novas capacidades e valências habitacionais, nomeadamente a reestruturação da cozinha, a criação de instalações sanitárias e a valorização da sala da lareira.
O imóvel destinado a habitação com entrada na Rua Joaquim Marques Nobre, fica assim composto por cozinha, sala comum e lavabo no rés do chão.
No 1º piso foi criada uma instalação sanitária permitindo a existência de um quarto com vestíbulo e casa de banho privativa.
No 2º piso foi criado mais uma instalação sanitária que satisfaz as necessidades habitacionais para os dois quartos, sendo um deles o quarto da lareira.A área de construção para a habitação de tipologia T3 é de 115,30m2.