Proposta de acordo com o levantamento arquitetónico e fotográfico, é percetível uma organização dos espaços interiores muito fragmentada e pouco adaptada à utilização de uma habitação nos dias de hoje e para os clientes, em particular. A imagem do conjunto edificado também necessita de uma limpeza a nível de elementos secundários e materiais utilizados. Existem demasiados recortes injustificados ao nível dos planos das fachadas, uma aleatória distribuição de vãos, cobertura com vários níveis de cércea, assim como um desenho dos muros exteriores e toda a envolvente pouco cuidado.
A reabilitação da moradia tem como objetivo a adaptação do volume construído às novas exigências quotidianas de vivência dos novos utilizadores de forma a oferecer mais conforto e funcionalidade, mas respeitando a estrutura base do edifício previamente aprovado. Deste modo, de um modo geral serão mantidos os alinhamentos da implantação inicial, parte das paredes exteriores e lajes de pavimento (e daí os respetivos pés direitos interiores). A distribuição programática geral por pisos mantém-se, alterando-se antes as dimensões dos compartimentos e a sua relação de modo a tornar os espaços interiores mais funcionais, confortáveis e flexíveis. Pretende-se no todo, uma melhor organização do espaço interior e uma maior relação com o espaço de lazer exterior envolvente.
Também as fachadas sofrem uma renovação em termos de imagem, tipo de abertura de vãos e materiais passando a adotar um sistema mais limpo e organizado com um jogo regular de aberturas. As paredes exteriores serão revestidas com o sistema “capoto” na cor branco (isolamento térmico pelo exterior das paredes), conferindo um melhor comportamento térmico relativamente à solução existente. Os vãos serão mais altos e esguios para melhor controlo solar, e com uma lateral de cada vão inclinada para maior abertura do ângulo de visão do espaço interior. A caixilharia será em alumínio com corte térmico e certificada, numa linguagem mais actual, em que o perfil é oculto e a lateral do vão inclinada será revestida a madeira de sucupira à semelhança das portadas exteriores que encerram os vãos, funcionando dentro das paredes.
O muro principal do lote será redesenhado, terá a altura de 0,80 m, sendo a vedação superior em tubos metálicos com altura de 1,00 m, equidistantes entre si para uma relação visual entre o exterior e o interior. Os muros laterais possuirão uma altura de 1,70m. A entrada para veículos situa-se ao lado da entrada pedonal, aqui existe uma torre em chapa aço lacada onde vai estar integrado o numero de polícia com a identificação do edifício, intercomunicador, receptáculo postal e um contador. Os restantes contadores serão aplicados à face do muro inferior, segundo as normas vigentes.
Ao nível do espaço exterior, é proposta uma redefinição das zonas circundantes da habitação, uma alteração dos materiais de revestimento e um aumento das áreas permeáveis. Serão diferenciadas as zonas de circulação, de permanência e espaços verdes.
O acesso automóvel é feito a partir do portão exterior alinhado com a entrada da garagem, na fachada principal, passando por uma pequena zona pavimentada em lajetas de betão. O percurso pedonal até à entrada principal do edifício que se encontra a uma cota mais elevada do nível da rua, será feito através de um sistema de escadas exteriores, semelhante à situação existente, mas serão redimensionadas e reposicionadas. No topo da escadaria, o espaço exterior que antecede a entrada no piso social, terá uma zona coberta materializada por uma pala.
Os percursos exteriores de acesso à zona tardoz do logradouro podem ser feitos por ambos os lados da moradia. A Este, o acesso faz-se pelas escadas exteriores existentes passando por uma nova área ajardinada com lajetas pré-fabricadas de betão. A Oeste, onde a intervenção é maior, as escadas são redesenhadas para vencer a cota de entrada até ao nível do logradouro a tardoz, permitindo a criação de uma área verde e a entrada de luz para os espaços existentes no piso -1.
A tardoz, a piscina será redimensionada, tornando-se mais pequena para possibilitar uma maior área de permanência e consequentemente uma melhor relação espacial e visual com a sala, dada a sua orientação solar privilegiada - Sul.
A Fachada Tardoz passa agora a estar alinhada com um alpendre já existente, sofrendo assim um ligeiro acréscimo de área nos Pisos 0 e 1. Ainda assim temos um valor de área Área de Implantação + Espaços Exteriores cobertos semelhante ao Aprovado e descrito na Certidão Permanente ( 136,00 m2) . Ver Esquema A.
O pavimento que liga a área da piscina com a sala será em deck de Sucupira (permeável), e o pavimento que comunica com a área interior da cozinha será em lajetas cerâmicas. Na ligação desta área exterior com o corpo do edifício surgem duas palas revestidas a chapa de zinco, com a finalidade de proteger estes espaços exteriores de condições meteorológicas adversas, assim como provocar sombreamento ao interior, actuando como um sistema protecção solar passivo.
Ao nível do Piso -1 (cota 59.43 m) propõe-se manter este piso como área técnica (pé-direito de 2,20m) sendo a principal modificação o reposicionamento do núcleo de circulações verticais. Deste modo a garagem para dois carros e os arrumos(2) mantêm-se, sendo reposicionadas a sala das máquinas da piscina e a instalação sanitária, assim como os arrumos(1), cuja área diminui para que a zona de circulações possa ser mais funcional e dentro das normas exigidas. A zona de arrumos(2) que anteriormente era uma sala de jogos, possui agora luz natural, através da criação do pátio à cota do piso -1, orientado a Poente.
No piso 0 (cota 61.83 m) o espaço é reorganizado, mantendo-se a concentração de todas as áreas sociais da habitação e reforçando a sua relação visual com o novo jardim envolvente. O hall de entrada faz a comunicação direta com o núcleo de escadas, a cozinha, a sala e a instalação sanitária social, usufruindo de um comunicação visual para a zona exterior a tardoz. O hall(2) funcionará como um corredor mais secundário, fazendo a ligação entre a cozinha e a zona de tratamento de roupas. A cozinha foi redimensionada, ganhando área de circulação, e espaço para uma pequena área de refeições. Exteriormente ligado à cozinha, é proposto um alpendre coberto, tal como já acontecia anteriormente, como área complementar de refeições, com o jardim como cenário envolvente.
A sala, foi reformulada para adquirir uma forma mais regular e uma ligação mais direta com o espaço exterior, possível pelo fato de se propôr um grande vão envidraçado em toda a extensão do espaço. Os materiais que circundam a área exterior da piscina, bem como a barreira verde ao longo do muro, ajudam a conferir privacidade, calma e serenidade ao espaço interior.
O piso 1 (cota 64.53 m) é também reorganizado, decorrente sobretudo da alteração das escadas de acesso aos pisos. Mantêm-se os três quartos e duas instalações sanitárias, sendo uma delas exclusiva a um quarto, mas todas as dimensões são alteradas, em especial relativo à i.s. de uso comum, para cumprir o disposto do Regime das Acessibilidades. Todos os quartos possuem vãos de sacada com guardas em vidro transparente permitindo assim contemplar o exterior.
Tendo como premissa o facto de que os espaços interiores possuirão uma relação mais direta com a zona de logradouro, a fachada tardoz surge com uma maior percentagem de envidraçado ao nível do piso 0. Por sua vez, o piso 1, dos quartos, apresenta vãos de sacada mais pequenos permitindo um maior controlo de luz para dentro destes espaços.
Também na fachada lateral direita (orientada a Oeste) se desenha uma ligação entre o interior e o logradouro, através de um pequeno pátio pontuado por uma pequena área verde, à cota do piso -1.
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