As autoridades portuárias têm a responsabilidade de inspecionar frequentemente as suas áreas marítimas, de forma a manter cotas de serviço mínimas nos portos e garantir a segurança à navegação. Para isto, é necessário contratar empreiteiros especializados em dragagens para manutenção das profundidades desejadas, sendo ainda essencial a realização de levantamentos hidrográficos pré e pós dragagem e cálculos volumétricos associados, tanto para definição dos projetos a executar como para controlo de trabalhos em curso. Estes levantamentos hidrográficos podem ser realizados em qualquer ambiente, incluindo canais e vias navegáveis, regiões costeiras, portos e canais de aproximação.
Os meios informáticos atuais permitem um controlo muito rigoroso das operações de dragagem, pelo que é também comum o apoio especializado através da instalação de marégrafos, sistemas de navegação global nas dragas (para manutenção de um posicionamento preciso), e sensores específicos para controlo do corte, onde o nível de precisão é crítico.
Os modernos equipamentos multifeixe fornecem um modelo 3D pormenorizado do fundo do mar (cobertura total) para quando estão previstos levantamentos hidrográficos de Ordem Especial, onde o resguardo à quilha é crítico. No entanto, e por norma, durante a fase de dragagem são aceites espaçamentos de 5 ou 10 metros entre fiadas de sondagem, o que possibilita a utilização de sistemas de feixe-simples, com uma logística menos exigente e suficientemente fiáveis para criar modelos 3D e permitir um cálculo pormenorizado dos volumes de dragagem.
Entre dezembro de 2020 e abril de 2021 a LS-Engenharia Geográfica realizou um conjunto de levantamentos hidrográficos no âmbito da empreitada de dragagem entre o Cais número seis e o Cais número oito no Porto do Funchal, trabalho executado pela empresa Tecnovia-Madeira.
Estes levantamentos de Ordem 1b tinham como objetivo atualizar a informação hidrográfica no âmbito das operações de dragagem em curso, fornecendo dados importantes para a gestão dos trabalhos e manutenção precisa das cotas de serviço. A profundidade mínima (cota de serviço) para este Cais é 8 metros, e a realização do primeiro levantamento hidrográfico, em que foi coberta uma área de 9 hectares, permitiu identificar as zonas de intervenção, onde se observaram profundidades que variavam entre os 4 e os 8 metros, conforme a aproximação à Ribeira de S. João, uma das três principais ribeiras do Funchal, e que contribui substancialmente para a cumulação de sedimentos no interior do porto.
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