Algumas considerações: O Projecto Estoril 153, procura resolver o remate entre duas ruas através da criação de um piso de embasamento à cota da Av. Aida, de afectação predominantemente terciária, sobre o qual assentam dois volumes exclusivamente habitacionais: o Corpo A, com cinco pisos, que assegura a continuidade da frente urbana poente da Rua Mello e Sousa, e o Corpo B, com três pisos, que pontua o acesso pedonal ao condomínio, orientado a nascente para os jardins verdejantes do casino do Estoril.
O Corpo A apresenta-se como um volume voltado para o mar, onde as varandas e os terraços abrem horizontes infinitos sobre o imenso azul a perder de vista.
O Corpo B, é uma grande varanda suspensa sobre o verde dos Jardins do Casino Estoril. É o pulmão do condomínio.
O verde da Vegetação e o Azul do Mar estiveram na base que motivou o posicionamento dos dois blocos que compõem o Estoril 153. É neste contexto que se explica a sua relação e posicionamento em relação á base comum onde ambos assentam.
O Bordeaux do Bloco B pretende dar continuidade cromática ao edifício confinante a Norte e o cinza do Bloco A permite uma aproximação ao céu em dias de inverno de nevoeiro característicos destes locais de veraneio sendo a cor da pedra predominante – azulino de Cascais.
Se por um lado a proximidade do Mar é certamente algo estimulante e agradável, por outro existe a questão do efeito rápido que este provoca em termos de degradação nas construções. Surge assim a necessidade de conceber um sistema de fachadas que evite o desgaste rápido e consequentemente anule ao máximo a existência de pontes térmicas que levam a um aumento significativo do consumo de energia.
O sistema de fachadas ventiladas com o isolamento projectado pelo exterior cobrindo toda a estrutura permite que a fachada respire e as condensações , ao aparecerem, circulem na caixa de ar que separa a parede exterior da pele criada pelas placas de Glasal. O edifício é assim composto por uma “pele exterior” que não se degrada e forma a primeira barreira á intempérie.
Tal como os seres humanos, que se vestem para proteger do frio, aqui o isolamento ao ser projectado por fora corresponde ao casaco de lâ e a pele exterior á capa ou gabardina que abriga do frio e chuva.
Por outro lado existem no Edificio sistemas de protecção solar passivos aplicados pelo exterior – palas, portadas e estores metálicos orientáveis , que permitem maior conforto térmico e visual para quem habita os diversos Espaços.
O Recurso a Soluções construtivas tecnologicamente mais desenvolvidas com o apoio de materiais pré-fabricados, não pôs de parte um cuidadoso trabalho de pormenor e optimização dos recursos disponiveis. O Projecto obedeçe a uma métrica muito precisa quanto á modulação das fachadas e aplicação dos diversos materiais. Ele parte de um” modulo” de 0.60m ( metada de 1.20 – dimênsão das placas de Glasal) que se repete em função das necessidades de cada compartimento. Isto leva á criação de linhas verticais continuas e a uma grande rigidez de Projecto, uma vez que tudo deve de obedecer a esta metrica precisa, desde a guarda das varandas ao mosaico aplicado nas mesmas. É a planificação e a preparação antes da obra que são a chave para este tipo de intervenções.
Humberto Conde, Arq.
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