Como foi o primeiro semestre para o setor da construção (e previsões para o resto do ano)

Licenciamento de obras camarárias com maior decréscimo face aos edifícios habitacionais 

Os dados são da Associação dos Industriais da construção Civil e Obras Públicas e não nos deixam mentir: nos primeiros 5 meses de 2020 foram licenciadas apenas 8.902 obras pelas Câmaras Municipais, valor que representa um decréscimo de 13,5% face ao período homólogo de 2019. Importante salientar que este valor é um resultado combinado das variações de -10,6% ao nível dos edifícios habitacionais e de -19,9% nos edifícios não residenciais, este último bastante mais penalizado pelo contexto pandémico que temos enfrentado nos últimos meses. 

Por outro lado, se nos debruçarmos sobre a questão do licenciamento de edifícios habitacionais, as quebras são bastante menos intensas. No que toca às construções novas, as reduções são de 8,6%, o que nos permite concluir que as obras de construção e manutenção de imóveis habitacionais foram bastante menos afetados este ano que as obras camarária.

Crédito habitação cresce na primeira metade do ano

O ponto do acesso ao crédito habitação é um tema que, ao contrário do que se possa esperar, cresceu nos últimos meses - sim, mesmo em tempo de pandemia! No que toca os financiamentos para aquisição de habitação concedidos por instituições financeiras, verificou-se um aumento de quase 10% até ao mês de maio, quando comparado com períodos homólogos acumulados. Falamos de cerca de 4.471 milhões de euros financiados! 

Tudo indica que este tópico se mantenha de boa saúde até ao final do ano e com mais créditos concedidos face ao ano anterior. 

Avaliações com subida na valorização por m2 

A tendência de crescimento é transversal ao nível da avaliação imobiliária na habitação efetuada para efeitos de crédito hipotecário. Com dados apurados em junho deste ano, foi possível verificar que um aumento de 8,3% no valor médio avaliado quando comparado com termos homólogos. Quer isto dizer que atualmente a média é de 1.115€ por m2, valor que corresponde a um novo máximo histórico, contra os 1.023 euros por m2 apurados no mês homólogo. 

O setor da avaliação imobiliária está portanto de boa saúde e recomenda-se, o que acaba por ter um grande impacto no setor da construção civil: quanto mais fácil for o acesso ao crédito e mais valorizadas sejam as avaliações, mais possibilidades de construir e elaborar projetos existem para o setor das obras. 

Concursos e obras públicas com saldo positivo

Passando agora para o segmento de engenharia civil: o balanço do 1º semestre de 2020 foi considerado positivo ao nível da promoção de concursos de obras públicas, uma vez que se registaram 2.224 concursos de empreitadas abertos e objeto de anúncio em Diário da República, concursos esses que correspondem ao total de 2.671 milhões de euros, montante que se traduz num crescimento de 34,9 % quando comparado com períodos homólogos. Este aumento é bastante expressivo e demonstra um grande dinamismo do setor. 

Já relativamente às empreitadas de obras públicas objeto de celebração de contrato e registo no Portal Base, foram registadas, no 1º semestre de 2020, 4.285 obras, das quais 65,8% correspondem a ajustes diretos e 31% a concursos públicos, num montante global de 1,1 mil milhões de euros. Estes números representam uma redução de 1,5%3 em termos de variação homóloga temporalmente comparável, já para não falar do facto destes valores se manterem muito aquém dos apurados para os concursos promovidos.

Materiais consumidos aumentam 

A provar que este setor nunca parou, de facto, durante o tempo de pandemia, o 1º semestre de 2020 registou um aumento de quase 10% no consumo de cimento no mercado nacional quando comparado com período homólogo. Falamos de 1,76 milhões de toneladas de cimento efetivamente consumido, valores confirmados pela AICCOPN na sua Síntese Estatística da Habitação.

Como será o resto do ano?

Face a todos estes indicadores, é mais do que seguro referir que o setor da construção civil não parou, de facto, no ano de 2020, nem mesmo durante um período de grande instabilidade sanitária e de saúde pública. Já o mercado imobiliário assistiu a um abrandamento da procura que lhe é dirigida, em especial na componente não residencial. Por oposição, o número de créditos concedidos para aquisição de habitação aumentaram, assim como as avaliações mostraram estar a valorizar, com máximo histórico,  o metro quadrado das habitações. Estes dois últimos pontos são positivos e importantes para o setor da construção, promovendo novas construções e reabilitações 

Prevê-se que o resto do ano se mantenha com bons índices, sendo por isso uma boa altura para aprimorar o seu perfil e promover a sua empresa no portal Habitissimo para maior visibilidade do seu trabalho! .