Não há dúvida que vivemos tempos de grande incerteza, devido à pandemia do COVID-19. Mas como é que o setor da construção foi afetado? E o que isso poderá significar para o futuro a médio e longo prazo? Recorrendo a alguns dados, iremos tentar responder a estas questões:
Neste artigo
- O que vamos analisar?
- Investimento no setor da construção
- Investimento nas matérias-primas
- Insolvências de empresas
- Constituição de novas empresas
- Outros indicadores
- Qual é o veredicto?
O que vamos analisar?
Existem já vários estudos e dados indicadores disponíveis sobre o setor da construção durante o período de confinamento. Tendo por base indicadores como o investimento no setor da construção, o investimento nas matérias-primas, o número de empresas que entraram em insolvência e o número de aberturas de novas empresas, iremos tentar fazer algumas previsões sobre o futuro a médio e longo prazo da construção em Portugal.
Investimento no setor da construção
Ao contrário do que aconteceu noutras áreas de negócios e noutros países da União Europeia, o investimento na construção no nosso país teve um aumento durante a pandemia, algo que surpreendeu os especialistas pela positiva. Entre Abril e Junho de 2020, o valor de investimento na construção foi de 4.744 milhões de euros. Isto corresponde a uma subida de mais de 300 milhões face ao mesmo período do ano passado, e corresponde também ao valor mais elevado de investimento na construção desde 2011!
Investimento nas matérias-primas
A construção praticamente não parou no nosso país durante o período de confinamento, pelo que o investimento em materiais de construção, como o cimento, se deveria manter pelo menos estável, em teoria. Mas o aumento no investimento levou também a um crescimento na compra de matérias-primas. Por exemplo, o consumo de cimento teve um aumento de 10,3% este ano. E porque é isto importante? Se aumentaram matérias-primas do setor da construção, isso significa que este setor teve mais procura dos seus serviços.
Insolvências de empresas
2020 está a ser um ano difícil para muitas empresas, que se viram obrigadas a declarar insolvência devido ao impacto do confinamento. Em todo o país, o número de empresas que entraram em insolvência subiu 64,5% em agosto, face ao mesmo período no ano passado. Mas e no setor da construção? Pois bem, a construção contraria esta tendência, tendo sido a única atividade a registar um decréscimo (de 4,4%) no número de empresas insolventes, face ao mesmo período de 2019.
Constituição de novas empresas
Em tempos de incerteza, menos pessoas arriscam e abrem a sua própria empresa. Infelizmente, houve um decréscimo significativo (na ordem dos 30%) na abertura de novas empresas, sejam elas de que setor forem. Este é um dos poucos indicadores em que a construção segue a mesma tendência que os demais setores da sociedade.
Outros indicadores
Para uma análise e previsão mais completa, iremos considerar também outros indicadores, como:
- A emissão de licenças para construção de habitação emitida pelas Câmaras Municipais registou uma quebra menos intensa nos 7 primeiros meses de 2020 que na registada nos meses anteriores.
- O volume de contratos celebrados para obras públicas aumentou em cerca de 14%. No entanto, este valor ainda continua bastante abaixo do valor total de concursos promovidos.
- O VAB (Valor Acrescentado Bruto) do setor da construção acelerou para uma taxa de variação homóloga de 5,1% No trimestre anterior, esse valor era de 1,8%.
Qual é o veredicto?
No geral, todos estes indicadores nos dizem uma coisa: a construção não só se manteve estável durante a pandemia, como também cresceu, ao contrário do que aconteceu nas restantes áreas de atividade. Isto é algo de muito positivo, não só para o imediato, como também para o futuro a médio e longo prazo. Ao contrário do que aconteceu na última crise, a construção não está a ser afetada. A curto prazo, este setor irá certamente continuar a crescer. A médio e longo prazo, e se o ritmo de crescimento se mantiver, poderemos ver novas empresas a surgir na área e ainda mais investimento no setor. No geral, apesar de tudo, o futuro da construção apresenta-se risonho.