Há que encarar a realidade. E a realidade, efetivamente, mudou. Desde março de 2020 para cá estamos em isolamento domiciliar, e agora com o aumento da população vacinada e a redução dos casos de infectados em Portugal, as regras de confinamento começam a ficar menos apertadas, mas isso não significa que o distanciamento não deva ser privilegiado, assim como em muitos casos o teletrabalho.
Posto isto, perguntamo-nos: como adaptar as nossas casas a esta nova realidade? Afinal, não sabemos por quanto tempo mais vamos ter uma realidade de menos saídas e mais resguardo em casa. Partilhamos consigo alguns pontos de reflexão cujo paradigma pode vir a alterar face aos novos tempos.
Neste artigo
- Casa própria ou alugada?
- Espaço para escritório: essencial ou acessório?
- Vamos investir mais nas nossas casas?
- Como veremos a sustentabilidade da nossa casa daqui para a frente?
Casa própria ou alugada?
Durante muitos anos, a lógica de ter uma casa para muita gente, sobretudo uma franja mais jovem, era lógica de ter um local para dormir e guardar as suas coisas. A faixa etária conhecida como ‘milleninals’, gosta de sair muito, almoçar e jantar fora, viajar pelo mundo fora e não tem nas suas prioridades a compra de uma casa, dado que facilmente muda de local onde está. No entanto, com as viagens proibidas ou limitadas, os restaurantes fechados e agora abertos mas com restrições e todas as medidas de segurança que precisamos ter, esta visão pode vir a ser alterada. E com ela, pode também ser alterada a lógica de dar preferência a casas alugadas face a uma habitação permanente, comprada. Será uma questão interessante de observar no futuro e para a qual os próprios especialistas do ramo imobiliário estão expectantes.
Espaço para escritório: essencial ou acessório?
Apenas uma pequena parte das pessoas se pode ‘dar ao luxo’ de disponibilizar em sua casa uma divisória especificamente direcionada para o tema escritório’. Sobretudo nos centros urbanos as casas tendem a ficar mais pequenas e as pessoas tinham vindo a apostar nos chamados ‘lofts’ e conceitos de ‘open space’, que transpiram modernidade e estilo. No entanto, com a nova realidade, assistimos a uma ‘invasão’ de computadores e material de escritório nas mesas de jantar e a resmas de papel e material informático nos aparadores da sala - o que não é propriamente muito apelativo. Ora esta realidade, mesmo que com tendência a melhorar em termos de lógica de trabalho, veio demonstrar que o teletrabalho não é nenhum bicho de sete cabeças e que as pessoas cumprem e se mantêm produtivas. Com esta premissa em mente, será que vai passar a ser uma prioridade das pessoas criarem pelo menos um ‘cantinho’ na sua casa destinado aos dias e momentos que passam em teletrabalho?
Vamos investir mais nas nossas casas?
Uma outra questão curiosa e que merece reflexão face aos tempos verdadeiramente ímpares que vivemos tem a ver com as prioridades de investimento das pessoas em suas casas. Afinal, neste momento há pessoas que estão praticamente 24 sobre 24 horas neste mesmo espaço, e muitas vezes partilhando-o com crianças ou pessoas mais velhas...e esta gestão é sempre mais agradável se as condições da casa forem aprazíveis. Será que vamos passar a considerar um espaço exterior absolutamente fundamental? E em equipamentos para desporto dentro de casa? Vamos encarar a decoração de interiores feita por um profissional algo fundamental (porque o resultado final é realmente muito diferente)? Teremos de aguardar para observar as tendência.
Como veremos a sustentabilidade da nossa casa daqui para a frente?
Por fim, um ponto não menos importante para refletir e que surge também como consequência desta nova e ímpar realidade: os consumos de água, luz, gás, sistemas de aquecimento e de arrefecimento subiram exponencialmente. Afinal, nestes passados meses fizemos tudo em casa - todas as refeições (inclusive as habitualmente realizadas fora fruto da atividade profissional), banhos a duplicar, maior necessidade de tornar a casa mais quente ou fria porque estamos todo o dia dentro dela...e com esta alteração de necessidades, surge também a questão se não será tempo de investirmos mais na sustentabilidade dos nossos lares. Sistemas de aquecimento de águas mais sustentáveis, reutilização de recursos, investimento em isolamento térmico e acústico...tudo isto poderá passar a ser uma das grandes prioridades na hora de escolher a melhor casa ou mesmo como forma de lhe fazer um upgrade.